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Este microbook é uma resenha crítica da obra: AI superpowers: China, Silicon Valley, and the new world order
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 0358105587
Editora: Harper Business
Antigamente, era comum associar a ideia de inteligência artificial a filmes de ficção científica. Hoje, até mesmo estudantes do jardim da infância já estão mais familiarizados com o termo, que surge em notícias e conversas cotidianas. O autor nos diz que, independentemente de se lecionar sobre novas tecnologias para crianças ou empresários, as dúvidas são muito parecidas. Será que vamos ser substituídos por robôs?
As inteligências artificialmente criadas estão cada vez mais próximas de nossas tarefas cotidianas, e se há alguns anos pensávamos apenas na construção de robôs que se confundiriam com humanos, hoje sabemos que, na verdade, elas são capazes de fazer nossas listas de compras do mercado, resumir livros e mesmo indicar filmes de acordo com nossos gostos pessoais. Apesar de à primeira vista podermos ser fascinados pelas conveniências que essas novas tecnologias trazem consigo, Kai-Fu Lee nos alerta que, com as boas-novas, vêm também potenciais perigos: e devemos nos preparar para ambos.
O autor traz informações e reflexões acerca do seu trabalho como pesquisador nos avanços de IAs nos Estados Unidos, que costumava ser pioneiro nessa área, em comparação com a China, que nos últimos anos vem investindo cada vez mais capital nessas criações.
O crescimento e a dominância da Google e do Facebook no campo da tecnologia e internet sinalizava que o Ocidente estava ganhando uma batalha contra o resto do mundo. Adquirindo cada vez mais pequenas empresas e servidores locais, esses titãs da internet pareciam ter dado seu último golpe contra o Oriente quando adquiriu uma recém-lançada tecnologia, a AlphaGo. Antes um produto de uma companhia britânica, essa inteligência artificial tinha sido adquirida pela Google, que agora a colocava à prova contra o maior jogador de "Go" do mundo: o chinês de 19 anos chamado Ke Jie.
O "Go" não tinha sido emulado anteriormente por nenhuma máquina, pois era considerado um jogo extremamente "humano" e poético. Agora, a tecnologia não apenas tinha criado uma inteligência que jogava o "Go" mas o dominava completamente. Além disso, sendo um jogo tradicional do Oriente, a partida que ali se desenhava era maior que Ke Jie e "Go", era a simbolização do Ocidente marcando sua posição dominante no campo da tecnologia - ou pelo menos foi assim que os Estados Unidos leram essa situação.
Podemos fazer duas leituras acerca desse episódio. Uma é que o perigo dos robôs e das IAs não é o perigo da extinção da raça humana, como os filmes nos fizeram acreditar por tanto tempo, mas eles representam, de fato, um perigo para nossos empregos, e parecem estar chegando cada vez mais rápido. Outra interpretação possível é mais otimista. O autor nos descreve todas as emoções que passaram pelo jogador Ke Jie durante a partida, sua frustração, ansiedade, esperança. A máquina poderia ter vencido, mas o jogador foi o vencedor no coração de todos que o assistiram fazer o seu melhor. O contraste com as máquinas poderia nos relembrar o que nos torna de fato humanos?
Por volta dos anos de 1980, as IAs eram divididas basicamente em dois tipos diferentes: os sistemas baseados em aprendizado e as redes neurais. Atualmente, os sistemas de aprendizagem chegaram ao seu auge, e sobrevivem como máquinas "especialistas" em campos específicos, pois só conseguem executar comandos mais simples baseados em certas ações. O outro tipo se baseia no funcionamento do cérebro biológico, em que a IA deve ser alimentada com o máximo de informação possível.
Em vez de ensinar a IA a "reagir", a própria se ensinaria a distinguir entre uma coisa ou outra. O problema, inicialmente, era que os computadores tinham um suprimento de dados muito limitado. Hoje, conseguimos fazer o processo de "deep learning". Seu maior potencial é que, agora, essas máquinas conseguem "se ensinar", acumulando um grande número de dados e aprendendo a reconhecer padrões não tão óbvios. Assim, quanto mais dados, melhor.
No caso da China, há uma vantagem em relação aos Estados Unidos, visto que os chineses costumam recolher dados não apenas do mundo on-line, mas do que as pessoas estão consumindo e fazendo offline. Outra diferença é a própria diferença cultural entre o mercado de tecnologia estadunidense e o chinês. Na China, é comum os ambientes de trabalho e a cobrança serem muito mais brutais que nos EUA, o que provoca os funcionários a sempre darem o seu máximo.
A diferença entre cultura empresarial é enorme entre o Ocidente e o Oriente. É comum entre as empresas e startups do Vale do Silício existir um certo tabu quando o assunto são as logísticas do mundo real. Pense, por exemplo, em empresas como Uber e Airbnb: grande parte do trabalho é delegado a seus usuários e clientes. De fato, isso pode facilitar o trabalho administrativo dessas empresas, mas a China percebeu que, quando se concentra nas mãos do empresário todas as etapas de uma companhia, ele tem acesso também a todos os dados que estão ali. E informação, em tempos de Inteligência artificial, é uma das coisas mais importantes que podemos ter.
A própria ideia de propriedade intelectual é muito diferente entre essas partes do planeta. Aqui no Ocidente, de modo geral, damos muito crédito à originalidade e à ideia de autoria. Entretanto, para o Oriente chinês, é comum vermos a mesma ideia sendo replicada diversas vezes, e para eles isso não é motivo para vergonha. Com o mercado sendo forçado a se renovar de forma muito mais rápida e agressiva que os EUA, em breve veremos os empreendedores da China investindo cada vez mais em IAs, máquinas capazes de resolver seus problemas e propor inovações de forma muito mais efetiva que um humano poderia fazer.
Ao contrário dos EUA e de tantos outros países onde o empreendedorismo e originalidade são vistos como um trabalho admirável e que demanda muito esforço, dentro da antiga cultura chinesa, pessoas que tentavam inovar ou abrir seus próprios negócios eram vistas pelo resto da sociedade como "incapazes".
A sociedade chinesa foi, por muito tempo, uma sociedade verticalizada e agrícola. Graças ao modelo de cópia deles, a internet e a tecnologia foram crescendo e sendo cada vez mais valorizadas como um campo de trabalho válido e lucrativo. O autor nos lembra, ainda, que é comum que os chineses aguardem a validação por meio de uma figura de autoridade: um chefe, pai ou professor. O mesmo aconteceu no campo da tecnologia e das inteligências artificiais. Por muito tempo, pareceu que as coisas estavam estagnadas. Mas, no momento que o governo começou a apoiar essas empresas, vários profissionais começaram a investir nesse ramo, criando um mercado aquecido e competitivo.
Quando pensamos em IAs "autônomas", nossa mente nos leva a cenários de filmes de ficção científica. Carros e aviões que se dirigem sozinhos e robôs com inteligência humana, por exemplo. No entanto, Kai-Fu Lee nos lembra que os cenários que provavelmente serão os primeiros afetados por esses avanços tecnológicos serão as fábricas e estoques, que terão sua mão de obra humana dispensada.
Essa é uma das questões que o autor levanta como problemáticas. Outra dificuldade seria o impacto do monopólio chinês e estadunidense no resto do planeta. Será que o avanço tão exacerbado nesses dois países, gerando tantas riquezas, não estaria aumentando a desigualdade e criando uma nova categoria de pobreza? Já existem estudiosos falando em países de quarto mundo, por exemplo.
O principal impacto negativo apontado por Lee, no entanto, seria dentro dessas nações que pretendem implantar as IAs de forma massiva. De acordo com o autor, a utilização de máquinas vai destruir o sistema atual de empregos, principalmente os de pessoas da classe média. Será mais difícil também gerar novos cargos, ascensão para classes mais abastadas, e possivelmente começará uma onda de desempregos.
Apesar de a tecnologia sempre ter nos proporcionado avanços importantes na história da humanidade, o sistema das IAs é o de Tecnologias de Propósito Generalistas. Não estamos mais procurando soluções para problemas específicos, mas criando um sistema capaz de aprender.
Ao reconhecer nossas limitações diante de uma questão sem precedentes na história, como é o avanço das IAs, o autor nos traz uma proposta interessante para diminuir o impacto que essas novas tecnologias, sem dúvida, causarão em tantas pessoas. O pesquisador fala em uma distribuição de renda, feita de forma igualitária e considerando a renda e a condição social de cada cidadão. Para ele, todos devem receber um valor mensalmente distribuído pelo governo, independentemente de emprego ou ocupações atuais. Assim, todos se sentiriam mais seguros, tendo o básico sempre garantido, e permitiria que as pessoas investissem seu tempo e esforço para terem uma formação de qualidade e, assim, conseguirem trabalhos melhores.
Kai-Fu Lee nos oferece uma visão detalhada e ampla dos crescimentos das tecnologias de inteligência artificial na China e nos Estados Unidos, ilustrando, de forma didática, as semelhanças e as diferenças nesses mercados. As IAs não são coisas boas ou ruins, como tudo que existe, depende do seu uso e aplicação. O autor é um entusiasta da tecnologia, e nos pede para termos calma, e não esquecer que nós que devemos utilizar a ciência, sem nos tornar reféns dela.
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Autor best-seller pelo livro "AI Superpowers", Kai-Fu Lee é, atualmente, CEO da Sinovation Ventures. Em seu currículo, carrega o nome de grandes empresas do ramo d... (Leia mais)
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